Às vésperas do aniversário de nascimento de Mozart (que aconteceu no dia 27 de janeiro), o Jornal Nacional prestou um desserviço para a música erudita. Em uma matéria sobre o compositor, pediram para que membros da Orquestra Petrobras Sinfônica tocassem uma peça de Mozart com os ritmistas da escola de samba Unidos da Tijuca. E tocaram. Digo apenas que foi uma experiência surreal. A palavra “bizarra” me passou pela cabeça, mas ela é pesada demais e não condiz com a verdade.
Imagino as caras de espanto que os amigos devem estar fazendo, provavelmente chocados com minha insensibilidade frente a manifestações de popularização da chamada música erudita. Parabéns, mas vocês não são os primeiros! Pois minha profunda insatisfação com a chamada “popularização” da música erudita reside no fato de ela estar recheada com um preconceito. Sim, preconceito: o de achar que as camadas populares não são capazes de apreciar a música erudita como ela é. De que precisam de algo que suavize a aura de erudição e intelectualidade que paira sobre as obras de Mozart e Beethoven. Concordo que essa aura existe e que precisa ser desmistificada. Como? Com abundância de concertos do tipo Projeto Aquarius, por exemplo. Aliás, esse é o grande mistério inexplicável dos que defendem a “popularização” da música erudita com o uso de cross overs e da batucada no Jornal Nacional. Como explicar que 30 mil pessoas lotem a praia de Copacabana para assistir a uma sinfonia de Beethoven, sendo que a maioria nada sabe do que é uma sinfonia e qual a importância de Beethoven para a música? Muitos não se lembram, mas há anos atrás o Projeto Aquarius montou a ópera Aida, de Giuseppe Verdi, na Praça da Apoteose. Calcula-se que quase 200 mil pessoas prestigiaram o evento. Preciso dizer mais?
Eu tomo como exemplo principal minha experiência como professor de História da Música para público de baixa renda, e digo que o que falta é oportunidade. É comovente quando as pessoas chegam perto de você, depois de ouvir trechos de sinfonias e óperas, e dizem algo como “nunca pensei que Beethoven estivesse tão próximo de mim”. Ninguém nasce gostando de ópera ou de samba. Isso é adquirido. Também não é minha pretensão formar, do nada, ouvintes consumidores de música erudita. Mas essa bendita “popularização” deve partir da premissa de que ninguém é ignorante. Todos somos capazes de ouvir e de nos emocionar com a música, e não precisamos de qualquer subterfúgio para admirá-la. E acho que esse tem sido o sucesso do meu projeto. Como eu disse, não tenho a pretensão de formar grandes entendedores da obra de Beethoven, mas só de saber que aquelas pessoas experimentaram algo novo e gostaram, já me deixa bastante recompensado.
Imagino as caras de espanto que os amigos devem estar fazendo, provavelmente chocados com minha insensibilidade frente a manifestações de popularização da chamada música erudita. Parabéns, mas vocês não são os primeiros! Pois minha profunda insatisfação com a chamada “popularização” da música erudita reside no fato de ela estar recheada com um preconceito. Sim, preconceito: o de achar que as camadas populares não são capazes de apreciar a música erudita como ela é. De que precisam de algo que suavize a aura de erudição e intelectualidade que paira sobre as obras de Mozart e Beethoven. Concordo que essa aura existe e que precisa ser desmistificada. Como? Com abundância de concertos do tipo Projeto Aquarius, por exemplo. Aliás, esse é o grande mistério inexplicável dos que defendem a “popularização” da música erudita com o uso de cross overs e da batucada no Jornal Nacional. Como explicar que 30 mil pessoas lotem a praia de Copacabana para assistir a uma sinfonia de Beethoven, sendo que a maioria nada sabe do que é uma sinfonia e qual a importância de Beethoven para a música? Muitos não se lembram, mas há anos atrás o Projeto Aquarius montou a ópera Aida, de Giuseppe Verdi, na Praça da Apoteose. Calcula-se que quase 200 mil pessoas prestigiaram o evento. Preciso dizer mais?
Eu tomo como exemplo principal minha experiência como professor de História da Música para público de baixa renda, e digo que o que falta é oportunidade. É comovente quando as pessoas chegam perto de você, depois de ouvir trechos de sinfonias e óperas, e dizem algo como “nunca pensei que Beethoven estivesse tão próximo de mim”. Ninguém nasce gostando de ópera ou de samba. Isso é adquirido. Também não é minha pretensão formar, do nada, ouvintes consumidores de música erudita. Mas essa bendita “popularização” deve partir da premissa de que ninguém é ignorante. Todos somos capazes de ouvir e de nos emocionar com a música, e não precisamos de qualquer subterfúgio para admirá-la. E acho que esse tem sido o sucesso do meu projeto. Como eu disse, não tenho a pretensão de formar grandes entendedores da obra de Beethoven, mas só de saber que aquelas pessoas experimentaram algo novo e gostaram, já me deixa bastante recompensado.
Então meus amigos, nesse ano em especial, vamos ouvir bastante Mozart. Mas sem batucada!