Imagine-se sozinho contemplando os corredores do Museu Imperial, em Petrópolis. Não se ouve o burburinho dos visitantes, nem o arrastar das pantufas no assoalho de madeira, muito menos há o controle quase intransigente da segurança. São só você e quase 200 anos de história em cada sala. Irresistível não correr as mãos pela mobília, passar demoradamente por cada cômodo e esmiuçar os detalhes de cada peça, tendo a sensação de que até o granito do chão é tão vivo quanto você.
Foi essa sensação de pertencimento que se apoderou de mim ontem (14 de maio), no Theatro Municipal do Rio, durante o ensaio da ópera Fidelio, de Beethoven. Acostumado a ver aqueles corredores sempre cheios durante os intervalos dos espetáculos, meu primeiro sentimento foi de certa desolação ao vê-los tão imponentes e silenciosos. Em contraste, a ação da noite estava toda concentrada nos bastidores, onde o coro e os solistas se preparavam para entrar no palco, enquanto a orquestra ocupava seu tradicional fosso. E de um lado para o outro via-se o pessoal da técnica ajeitando os últimos detalhes da produção.
A priori, alguém pode sentir-se oprimido diante dessa situação. Senti-me um pouco assim no início, mesmo conhecendo algumas pessoas do coro do Theatro, justamente as que me convidaram a assistir o ensaio. Não fiquei de todo deslocado, não só pela companhia dos amigos que me deixou à vontade; mas foi, acima de tudo, pelo desprendimento da formalidade. Olhei para os lados e não vi as distintas senhoras com as quais eu tenho o cuidado de não esbarrar. Tateei os bolsos e não encontrei o ingresso contendo o exato lugar onde eu deveria me sentar. De repente, a imensidão do Theatro foi cabendo no meu campo de visão, e a sensação de opressão deu lugar a uma sensação de aconchego.
Percebi então que eu tinha todo aquele espaço para o meu bel prazer, e que eu poderia desfrutá-lo de forma mais íntima, longe da pompa dos concertos e das óperas. Eu não estava mais no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Parecia mais a sala da minha casa.
Eu gostaria que o carioca tivesse essa simpatia pelo Theatro. Ele não é o grande, imponente e todo-poderoso Theatro Municipal. Nunca foi. Na verdade, ele é a casa de todo aquele que ama, vive e experimenta música.
Foi essa sensação de pertencimento que se apoderou de mim ontem (14 de maio), no Theatro Municipal do Rio, durante o ensaio da ópera Fidelio, de Beethoven. Acostumado a ver aqueles corredores sempre cheios durante os intervalos dos espetáculos, meu primeiro sentimento foi de certa desolação ao vê-los tão imponentes e silenciosos. Em contraste, a ação da noite estava toda concentrada nos bastidores, onde o coro e os solistas se preparavam para entrar no palco, enquanto a orquestra ocupava seu tradicional fosso. E de um lado para o outro via-se o pessoal da técnica ajeitando os últimos detalhes da produção.
A priori, alguém pode sentir-se oprimido diante dessa situação. Senti-me um pouco assim no início, mesmo conhecendo algumas pessoas do coro do Theatro, justamente as que me convidaram a assistir o ensaio. Não fiquei de todo deslocado, não só pela companhia dos amigos que me deixou à vontade; mas foi, acima de tudo, pelo desprendimento da formalidade. Olhei para os lados e não vi as distintas senhoras com as quais eu tenho o cuidado de não esbarrar. Tateei os bolsos e não encontrei o ingresso contendo o exato lugar onde eu deveria me sentar. De repente, a imensidão do Theatro foi cabendo no meu campo de visão, e a sensação de opressão deu lugar a uma sensação de aconchego.
Percebi então que eu tinha todo aquele espaço para o meu bel prazer, e que eu poderia desfrutá-lo de forma mais íntima, longe da pompa dos concertos e das óperas. Eu não estava mais no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Parecia mais a sala da minha casa.
Eu gostaria que o carioca tivesse essa simpatia pelo Theatro. Ele não é o grande, imponente e todo-poderoso Theatro Municipal. Nunca foi. Na verdade, ele é a casa de todo aquele que ama, vive e experimenta música.
Detalhes sobre a nova produção de Fidelio, no TMRJ, em beve.